Beira: 35 Jovens Libertados Após Oito Meses de Prisão, Mas Quase 3 Mil Continuam Detidos

Pelo menos 35 jovens da cidade da Beira foram libertados esta semana após passarem oito meses atrás das grades, acusados de participação em motim e furto agravado durante as manifestações pós-eleitorais de dezembro de 2024. A decisão judicial foi tomada por insuficiência de provas, mas o dado alarmante permanece: mais de 2.800 cidadãos continuam encarcerados sem julgamento conclusivo.

Segundo a Plataforma Cívica Decide, que acompanha de perto o processo, os libertados são 34 homens e uma mulher, com idades entre 20 e 32 anos. O grupo enfrentava acusações de ter saqueado um estabelecimento comercial avaliado em cerca de 15 milhões de meticais (201 mil euros), onde supostamente desapareceram sacos de arroz e açúcar, fraldas descartáveis e até uma fechadura.

Contudo, durante os julgamentos, ficou provado que nenhum dos produtos foi encontrado na posse dos arguidos e não existiam evidências de que tivessem estado no local do crime. A situação se complica ainda mais porque o proprietário do comércio nunca compareceu em tribunal para formalizar a queixa.

Detidos em massa pós-eleições

De acordo com dados da Decide, citados pela imprensa internacional, cerca de 7.200 pessoas foram detidas em todo o país no contexto das manifestações pós-eleitorais. Até agora, 4.337 foram libertadas, enquanto 2.863 permanecem em celas superlotadas, sem provas claras ou julgamento célere.

Esses casos aguardam o prometido indulto presidencial, anunciado no âmbito do diálogo político inclusivo liderado pelo Presidente Daniel Chapo com os partidos políticos.

A libertação destes 35 jovens reacende o debate sobre a legalidade das detenções em massa e expõe as fragilidades do sistema judicial moçambicano, onde milhares continuam privados de liberdade sem garantias processuais. Leia Mais...